Objeto comunicacional (versão final)

Nossos objetos comunicacionais promovem a mudança de um ambiente conforme o estado emocional de quem habita outro, de forma a interligar não só dois espaços, como também duas mentes. Partimos da noção da expressiva influência que espaços exercem sobre nosso humor e de como a falta do compartilhamento de ambientes têm nos afetado durante o isolamento social.

Propomos, então, o seguinte conjunto: adesivos com sensores que determinam, como em um eletroencefalograma, a atividade nervosa do usuário, além de sua pressão arterial no momento. 

dispositivo preso à parede que funciona tanto como luminária quanto como projetor. Contém um processador de informações vindas dos adesivos.

Primeiramente, é necessário que haja os dois elementos nas casas dos dois usuários, de forma a garantir a completude da comunicação, impedindo unilateralidade. O processo se inicia a partir do momento em que um dos usuários posiciona os adesivos e ativa os sensores e o dispositivo, pressionando o centro do acessório. Esses adesivos colherão informações quanto à pressão arterial e à atividade elétrica do indivíduo e as enviarão ao dispositivo na casa do outro usuário. É recomendado que o mapeamento seja iniciado logo após acordar e finalizado nos momentos mais próximos ao adormecimento. A seguir, o processador determina o grau de agitação do primeiro indivíduo, traduzindo essa informação em imagens. Então, o projetor é ativado e dá-se início à comunicação de fato, com a projeção de uma paisagem que combina com o estado mental do usuário 1.

O mapeamento será feito a cada meia hora, de modo que é necessário o uso constante dos adesivos durante o dia (durante a noite, a não ser que ambas as partes permaneçam com os adesivos - que devem ser trocados diariamente-, a projeção é interrompida). A constância do mapeamento é o que garante a não aleatoriedade das paisagens, que devem se modificar caso haja mudança do estado mental. (Por exemplo, um cenário de tempestade numa praia para agitação, que, com a "desaceleração" do usuário, se abranda.)

É importante ressaltar que esses objetos traçam o grau de atividade dos indivíduos, que variam entre agitação e serenidade, não felicidade e tristeza, por exemplo. Trata-se da promoção de uma aproximação tolhida pelo isolamento social, e não da substituição da presença do outro (algo que acreditamos impossível, ainda com toda a tecnologia a que temos acesso).